terça-feira, 7 de junho de 2011

Novo chefe dos bombeiros do RJ diz que está disposto a negociar

(Jornal de Floripa)
O novo comandante do Corpo de Bombeiros do Rio, Sérgio Simões, afirmou nesta segunda-feira que está à disposição para receber a liderança do movimento de soldados que, desde sexta-feira (3), reivindicam melhores salários e condições de trabalho, além da libertação dos bombeiros presos.
Simões afirmou que governo do Estado colocará em prática um plano de recuperação salarial que dará, até o fim de 2014, ganho de 55% nos salários dos bombeiros.
Segundo o comandante, que assumiu o posto no domingo (5), o secretário de Planejamento e Gestão, Sérgio Ruy Barbosa, recebeu, no dia 25 de maio, os líderes do movimento para apresentar a proposta de reajuste salarial.
Cerca de 30 homens do Corpo de Bombeiros passaram a madrugada de hoje acampados em frente à Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), em mais um ato de protesto.
Ontem, um grupo de aproximadamente 50 bombeiros realizou nova manifestação, caminhando em uma das faixas da Ponte Rio-Niterói. O grupo, que carregava faixas e cartazes, desceu de um ônibus e iniciou a marcha na altura do vão central.
A assessoria do governo do Rio informou que Simões solicitou uma contraproposta aos manifestantes, que ainda não havia sido entregue até o início da tarde de hoje.
"Ao longo dos anos, os salários ficaram realmente muito defasados, mas esse governo vem tentando fazer uma recuperação salarial. No primeiros quatro anos, tivemos reposição significativa e agora temos um programa de recuperação que será cumprido até o fim de 2014. Nos últimos quatro anos, recebemos investimentos de R$ 170 milhões para a aquisição de novos equipamentos e viaturas, para que a corporação esteja preparada para melhor atender à população", afirmou o novo comandante.
Sobre a invasão do quartel e a prisão de 139 bombeiros, Simões afirmou que Auditoria de Justiça Militar irá julgar o caso individualmente.
"Os bombeiros foram autuados por motim, danos ao patrimônio público e impedimento de prestação de socorro, tipificados no Código Penal Militar. O documento de auto de prisão em flagrante foi encaminhado à Justiça Militar e vai virar um processo criminal. Cada um dos militares terá as prerrogativas de defesa para esclarecer sua participação, mas como comandante não tenho controle sobre a situação."
Ele também disso que vai se reunir com os oficiais superiores de todas as unidades para ouvir as reivindicações. O comandante reconheceu a legitimidade da reivindicação pelo aumento salarial.
"Abrimos um canal de comunicação, tentamos estabelecer o diálogo, mas não houve retorno. Pelo contrário, o Corpo de Bombeiros foi surpreendido na última sexta-feira, com a manifestação que se transformou num ato de violência gratuita, como nunca se viu na história da corporação", afirmou o coronel.
INVASÃO
O quartel central do Corpo de Bombeiros do Rio foi ocupado na sexta-feira (3) à noite por cerca de 2.000 manifestantes, de vários batalhões da cidade, alguns acompanhados por familiares --mulheres e crianças-- que reivindicam melhores salários. Durante quase cinco horas --das 21h às 2h-- o comandante geral da PM, coronel Mario Sergio Duarte, esteve no local negociando com os invasores. Ao longo da madrugada, alguns bombeiros deixaram o quartel.
Policiais militares do Batalhão de Choque invadiram às 6h do sábado (4) o quartel com o uso de bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar a manifestação. O comandante do batalhão de choque, Valdir Soares, ficou ferido durante a ação. Uma criança de dois anos foi atendida no hospital Souza Aguiar por ter inalado gás, mas já foi liberada.
Os líderes da invasão ao quartel podem ser condenados a até 12 anos de reclusão, de acordo com código penal militar.
"VÂNDALOS"
Em entrevista coletiva no sábado, o governador do Rio, Sergio Cabral (PMDB), qualificou os bombeiros que invadiram o quartel de 'vândalos irresponsáveis' e a invasão de ação 'inaceitável do ponto de vista do Estado de Direito democrático e do respeito à instituição centenária, admirada pelo povo do Rio de Janeiro'.
Cabral refutou a alegação dos manifestantes de que recebiam o pior salário do país, dizendo que, em seu governo, a corporação está tendo pela primeira vez um plano de recuperação salarial.



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